Sinal de perigo: médico intensivista alerta para as diferenças entre ressaca e intoxicação por metanol
- O Canal da Lili
- 7 de out.
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Casos recentes de intoxicação por bebidas adulteradas têm acendido um alerta em todo o Brasil. De acordo com o relatório do Ministério da Saúde, até no último domingo (5), já haviam 225 registros, sendo 14 confirmados e 178 em investigação.
O consumo acidental de metanol, substância altamente tóxica usada indevidamente na produção de bebidas falsificadas, pode causar danos graves ao organismo e até levar à morte. O grande perigo está no fato de que, nos primeiros momentos, os sintomas se assemelham aos de uma simples ressaca, o que pode atrasar a busca por atendimento médico.
O médico intensivista da UTI - Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Evangélico de Sorocaba, Pedro Novaes, explica que a intoxicação por metanol é, na verdade, uma ressaca atípica. “Passadas de 6 a 12 horas da ingestão do álcool, ao invés de melhorar, a pessoa vai piorando”, alerta o especialista.
O alerta dos sintomas neurológicos
Segundo Pedro Novaes, é fundamental buscar atendimento médico urgente se houver piora dos sintomas típicos de ressaca, como dor de cabeça, enjoo e mal-estar, após esse período. Um dos sinais mais característicos, destaca ele, é o sintoma neurológico ligado à visão. “A pessoa pode ter apagamento do campo visual, borramento, diplopia, que é a visão dupla, ou até cegueira absoluta. Esse é um sintoma muito característico da intoxicação por metanol”, explica Novaes.
O tempo é um fator determinante para evitar complicações graves. “Quanto mais grave o caso, mais breve deve ser o início do tratamento”, orienta o médico.
A gravidade depende tanto do organismo de cada pessoa quanto da quantidade de metanol ingerida. Por isso, o médico recomenda que qualquer suspeita seja avaliada nas primeiras 12 horas após o consumo da bebida, o que permite um tratamento mais eficaz e aumenta as chances de reversão do quadro, minimizando sequelas.
Tratamento intensivo e desafios
No ambiente de UTI, o tratamento envolve uma série de medidas de suporte. O especialista explica que, ao entrar no organismo, o metanol é transformado em substâncias tóxicas que causam danos sistêmicos. “Nosso tratamento é basicamente constatar e tratar a acidose, que é a acidez elevada no sangue. Se confirmada, chamamos a nefrologia para auxiliar na hidratação adequada, fazemos uso de ácido folínico na veia, que ajuda na eliminação, e inserimos um cateter de diálise para filtrar o sangue o mais rápido possível, removendo o metanol e seus metabólitos tóxicos”, explica.
Essas medidas são essenciais para reduzir as sequelas neurológicas e visuais, que podem ser graves e permanentes. “Nosso maior desafio é não ter, até o momento, o antídoto disponível no Brasil, o fomepizol, que impede a formação dos metabólitos tóxicos do metanol. Mas temos alternativas eficazes, como a diálise, em casos graves”, ressalta o intensivista.
Em caso de suspeita de ingestão de bebida adulterada ou aparecimento de sintomas incomuns após o consumo de álcool, como visão turva, fraqueza extrema, tontura ou confusão mental, a orientação é procurar imediatamente um pronto atendimento hospitalar.
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