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Monkeypox: testagem é fundamental ao diagnóstico precoce da doença e bloqueio de transmissão


Testes específicos para a doença, ainda não disponíveis em mercado no Brasil - Imagem: Ilustrativa/Freepik

A monkeypox, doença parecida com a varíola humana, mas com sintomas mais leves, tem avançado no Brasil, com mais de 3,4 mil casos confirmados em 22 estados e no Distrito Federal, segundo dados do Ministério da Saúde. Ainda sem medidas de imunização específicas no País, algumas recomendações para evitar a contaminação pelo vírus são conhecidas desde a pandemia de Covid-19, como a higiene das mãos. Contudo, sem um teste específico no mercado brasileiro para detectar a monkeypox até então, grandes laboratórios têm utilizado metodologia própria para chegar à conclusão do diagnóstico, levando uma espera maior.



Em Piracicaba (SP), a partir de segunda-feira (22), a Prefeitura, por meio da SMS (Secretaria Municipal de Saúde), vai abrir o primeiro CAT-MPX (Centro de Atendimento e Testagem para Monkeypox) no Crab (Centro de Referência da Atenção Básica) Vila Cristina. O objetivo é o diagnóstico precoce da doença e bloquear a cadeia de transmissão do vírus na cidade por meio do acolhimento, atendimento, notificação, testagem e, principalmente, avaliação médica. O funcionamento será em horário especial e diferenciado da rotina, sendo das 17h às 20h30. “Além da Covid-19, também estamos atentos aos casos da monkeypox. Nossas equipes estão organizadas e alinhadas para melhor atender a população seguindo todas as orientações vindas do Estado e do Ministério da Saúde”, diz Filemon Silvano, secretário municipal de Saúde.


Conforme explica Tatiana Bonini, coordenadora de enfermagem do DAB (Departamento de Atenção Básica), esta será a principal porta de entrada para atendimento de pessoas com sintomas suspeitos para Monkeypox (varíola símia). Além disso, as Unidades de Saúde realizarão o monitoramento telefônico diário das pessoas com sintomas suspeitos e de seus familiares.


Karina Corrêa Contiero, enfermeira do Cevisa (Centro de Vigilância em Saúde), reforça que a ideia do CAT-MPX é que os casos que apresentem lesões de pele ou mucosas e/ou outros sintomas característicos da doença “procurem o atendimento neste local, que contará com equipe multidisciplinar com médico, enfermeiros, técnico de enfermagem e agente comunitário de saúde, para atendimento exclusivo de Monkeypox”.


CASOS EM PIRACICABA

Até as 12h desta sexta-feira (19), Piracicaba tem oito casos confirmados e 20 casos suspeitos (aguardando confirmação laboratorial). Entre os casos confirmados estão uma criança de 1 ano (sexo feminino) e 7 homens com idade de 23, 24, 26, 27, 29, 35 e 38 anos, seguindo a mesma tendência apresentada no cenário mundial, quanto ao perfil desses pacientes, ou seja, a maioria adultos do sexo masculino com idade inferior a 40 anos. Três evoluíram para cura e os demais seguem sob monitoramento da Vigilância Epidemiológica.


Cerca de 240 profissionais de saúde foram capacitados para atendimento de casos de monkeypox - Imagem: Justino Lucente/CCS

CUIDADOS

Para se prevenir da Monkeypox é necessário tomar alguns cuidados muito importantes, como evitar contato íntimo ou sexual com pessoas que tenham lesões na pele; reduzir o número de parcerias sexuais nesse momento; evitar beijar, abraçar ou fazer sexo com alguém com a doença; fazer a higienização das mãos com água e sabão e uso de álcool em gel; não compartilhar roupas de cama, toalhas, talheres, copos, objetos pessoais ou brinquedos sexuais; fazer o uso de máscaras, protegendo contra gotículas e saliva, entre casos confirmados e contactantes.


O principal sintoma é o surgimento de lesões parecidas com espinhas ou bolhas que podem aparecer em qualquer parte do corpo – rosto, dentro da boca, região genital, ânus, mãos, pés, pernas braços, pernas, tronco. Além disso, as pessoas podem apresentar sintomas como febre, dor de cabeça, “ínguas” (linfonodos aumentados), calafrios, cansaço e dores musculares.


O período de incubação do Monkeypox é tipicamente de 6 a 16 dias, mas varia de 5 a 21 dias. O período de transmissibilidade ocorre a partir do início dos sintomas até o desaparecimento das lesões (feridas). “A pessoa com suspeita ou confirmação de Monkeypox só deverá sair do isolamento domiciliar após total cicatrização das lesões. Essas pessoas são monitoradas e antes do retorno às atividades, passam por novo atendimento médico”, detalha a enfermeira Karina.




TESTES

Em busca de trazer novidades de produtos hospitalares e farmacêuticos para o Brasil, a empresa brasiliense CPMH Produtos Hospitalares submeteu dois testes de monkeypox à aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) recentemente. A agência tem seis pedidos de registros de teste em análise técnica, conforme nota divulgada no último dia 11. “Para evitar que o vírus circule, precisamos ter ferramentas de diagnóstico que auxiliem e tragam mais celeridade ao processo do diagnóstico, como os testes PCR ou os testes rápidos”, ressalta Rander Avelar, responsável técnico da CPMH.


“Hoje, para testar no Brasil, precisamos fazer a coleta e o envio para laboratórios de referência, que realizam o exame e depois retornam com o resultado. Isso tudo aumenta a complexidade no processo e acaba tendo uma barreira de acesso, aumentando o tempo de espera pela resposta”, avalia o médico infectologista Victor Bertollo, do Hospital Anchieta de Brasília. “Se conseguirmos exames na ponta da execução rápida, isso pode acelerar muito o diagnóstico”, complementa.


Um dos testes protocolados pela empresa CPMH é do tipo PCR-Monkeypox, fabricado pela BioGerm e destinado para testagem em laboratório. Já o segundo, um teste de antígeno, fabricado pela Bioscience, oferece uma testagem rápida que deve ser conduzida por profissionais de saúde. Os dois produtos são de uso profissional, ou seja, não são destinados à autotestagem. Após aprovação, a previsão da CPMH para a importação inicial é de 2 milhões de unidades do teste PCR e 3 milhões de unidades do teste antígeno.


A doença

A monkeypox é uma doença viral transmitida a pessoas por meio de animais, principalmente mamíferos como roedores, segundo a OM S (Organização Mundial da Saúde), além do contato com pessoas infectadas. Endêmica no continente africano, a enfermidade começou a se espalhar pelo mundo após um surto na Europa em maio deste ano. Os sintomas são parecidos com a varíola humana, erradicada nos anos 1980, mas são mais leves.


Na avaliação do infectologista Victor Bertollo, os testes de antígeno são exemplos de ferramentas que podem facilitar o acesso ao diagnóstico, pois tendem a ser rápidos e podem ser feitos em postos de saúde e farmácias. Eles detectam a doença por meio de proteínas do vírus. No caso da monkeypox, a coleta é feita diretamente nas bolhas ou onde as feridas se abrem após o rompimento da bolha. Contudo, o médico enfatiza que a avaliação médica é fundamental, já que existe a chance do resultado ser um "falso negativo".

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