
Quando falamos sobre a problemática que envolve a desigualdade de gênero, dificilmente homens levantam o debate em suas bolhas ou se incluem na pauta com o objetivo de conscientização, de conversas como parte do problema também da solução. Muitas vezes, se apoiam de forma errônea no conceito de lugar de fala e recusam o aprofundamento no cerne da questão: a misoginia, o machismo e o patriarcado, que impactam toda a sociedade.
Em alguns casos, o debate não é só superficializado, como também descaracterizado. É o caso do movimento “Manual Red Pill”, que tem mais de 300 mil seguidores nas redes sociais e viralizou após uma série de falas misóginas em um trecho de entrevista em um podcast.
Ser despertado de um sono profundo da realidade, ter acesso às verdades do mundo real e ser escolhido para enxergar aquilo que outros não veem saindo da Matrix, são algumas das promessas desse movimento que prega a superioridade dos homens em relação às mulheres e a dominação da sociedade por um discurso feminista e progressista, onde o sistema favorece unicamente as figuras femininas.
Sistema este que, no último ano, teve mais de 18 milhões de brasileiras que relataram ter sido vítimas de algum tipo de violência ou agressão, o maior percentual da séria histórica do levantamento feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e Datafolha. O mesmo sistema e sociedade que conta com outros inúmeros dados sobre violência, desigualdade no mercado de trabalho, divisões de tarefas e muito mais.
"No Brasil, uma mulher é estuprada a cada 10 minutos e uma é morta a cada sete horas, de acordo com dados do 14° Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Isso significa que homens não são estuprados no País? Não. Mas significa que 85% das vítimas do crime de estupro no País são as mulheres," diz Oliver Capoulade, CEO da Omens, a primeira plataforma de saúde e bem-estar masculino no Brasil que facilita a jornada de cuidado dos homens por meio de tecnologia e com o propósito de quebrar o tabu de que cuidar da saúde é sinal de fragilidade.
O executivo destaca como a masculinidade tóxica também é nociva para eles. "Os homens nascem ouvindo não pode demonstrar seus sentimentos. É importante ter em mente que o primeiro passo para a desconstrução é reconhecer o próprio machismo, pois pode não ser nossa culpa nascer em uma sociedade que age assim, mas é total responsabilidade e dever nossos nos abrirmos para a escuta e corrigir erros, afinal, essas ideias, como a do grupo Red Pill, literalmente, matam mulheres", argumenta.
Até mesmo quando se pensa nesta suposta venda de resolução de “problemas de relacionamento e masculinidade”, o discurso por si só é falacioso, pois reforça estereótipos de gênero, tabus e problemáticas que continuam oprimindo até mesmo os homens.
O machismo tem relação direta, por exemplo, com dados relacionados ao suicídio de homens no Brasil: incidência é quase quatro vezes maior entre homens, de acordo com o Ministério da Saúde. Ao radicalizar o debate, os números são ainda mais preocupantes: o risco na faixa etária de 10 a 29 anos foi 45% maior entre jovens que se declaram pretos e pardos do que entre brancos no ano de 2016.
Essa relação não está apenas no campo da saúde mental, mas em todos os aspectos - até mesmo na higiene e autocuidado. De acordo com dados da SBU (Sociedade Brasileira de Urologia), cerca de mil homens têm o pênis amputado parcial ou totalmente a cada ano, e o maior motivo é justamente a falta de higiene nessa região do corpo.
Omens
A Omens é uma plataforma dedicada à saúde e bem-estar dos homens. Lançada em 2020, o negócio nasceu para diminuir o abismo entre o público masculino e o autocuidado, aumentando a prevenção de doenças e tratando problemas específicos de urologia, dermatologia e psicologia, através da produção de conteúdos próprios, teleconsulta com médico especialista e entrega a domicílio de tratamentos em parceria com farmácias registradas, oferecendo praticidade e segurança a seus clientes.
Comentarios