
Texto: Eliana Teixeira
Uma história de sucesso é feita de resistência e resiliência. Resistência diante dos obstáculos e resiliência para continuar apesar das dificuldades. Quando se é mulher, mãe, com filhos ainda crianças, os obstáculos e as dificuldades podem ser maiores dos que são enfrentados pelos homens. E a empresária Angela Guimarães, que começou a empreender com produção e venda e balas de coco e passou a confeccionar peças de enxoval até chegar no ramo de cortinas e artigos de decoração, sabe bem o preço que se paga para ter o próprio negócio, que no Brasil é representado por 40% das mulheres entre os novos empreendedores, segundo levantamento realizado pelo Sebrae em 2022 com 822 pessoas. “Eu queria ir além do que eu estava fazendo no momento. E pensava: eu posso, eu consigo. Eu via muitas pessoas que subiam na vida, e falava com Deus que eu também podia subir”, relata Angela sobre o desejo de ter o próprio negócio.
Angela Guimarães não apenas faz parte do universo feminino empreendedor, como também envolveu o marido e os filhos no negócio familiar, tendo na filha Ana Paula Guimarães, 25 anos, designer de interiores, a representatividade da segunda geração à frente de um sonho que deu certo. Atualmente, a família possui uma loja-ateliê de cortinas de diferentes tipos de tecidos, persianas, almofadas, tapetes e outros artigos de decoração, que atende clientes da cidade sede da RMP – Região Metropolitana de Piracicaba e outros municípios próximos.
Mas foi a necessidade financeira de ajudar o marido nas despesas da casa, que motivou, em 1998, Angela começar a fazer e vender balas de coco. “Eu estava à procura de uma renda, queria melhorar a qualidade de vida da minha família. E depois de um tempo vendendo as balas, entrou a curiosidade de aprender a trabalhar com retalhos. Não sou uma mulher cursada na parte de costura, mas o retalho não tem segredo, basta ter amor, dedicação. Através disso, comecei fazer enxovais. Foi passando o tempo, fui aprendendo, aprimorando na parte do enxoval, até que surgiram as cortinas”, conta Angela.
Da primeira loja em uma das avenidas comerciais principais do bairro Mario Dedini, região periférica de Piracicaba (SP), até chegar no Casarão Guimarães, situado em área central da cidade, Angela foi conquistando a confiança de uma clientela, mais que fiel, divulgadora da qualidade dos seus produtos e do profissionalismo do seu trabalho. “E minha filha foi estudar, fez o técnico de design de interiores, e aí nós começamos forte, a entrar grandemente no negócio de decoração. Meu esposo e meu filho trabalham com as instalações e a Ana Paula, na parte de projetos. Foi tudo, realmente, muito abençoado. Tenho certeza que Deus se agradou do meu desejo de vencer na vida, abençoou e abriu as portas para nós”, detalha a empresária.
SEGUNDA GERAÇÃO
Com os pés no chão, após perceber que a família havia conseguido entrar no meio comercial, Angela confiou à filha a responsabilidade pelos projetos da clientela do ateliê. “Eu gosto de tratar o cliente de modo especial, como se aquela compra fosse para mim, vou ganhando a confiança dele, mostrando, apresentando e fazendo propostas que ele nem imagina. Procuro apresentar os melhores produtos aos clientes”, explica a designer Ana Paula Guimarães sobre seu trabalho no negócio idealizado pela mãe.
Além da qualidade já conhecida dos produtos, o trabalho de Ana Paula proporcionou à empresa familiar inovação e um atendimento mais personalizado. “No atendimento, eu explico o quanto de tecido vai em cada cortina, qual que é a barra ideal, tudo para o cliente entender qual é o investimento dele, não fico apenas nos valores. Saio do clichê que é só querer vender, sento, converso e, se tem uma balinha de coco aqui (no ateliê), a gente já serve ao cliente”, revela a profissional.
CONSELHO ÀS MULHERES
Com clientes em Piracicaba, São Pedro, Águas de São Pedro, Limeira, Rio Claro, Jundiaí, Rio de Janeiro, enviando cortinas até para fora do Brasil, a família Guimarães é um verdadeiro caso de sucesso, desses que daria roteiro de filme. E, no Mês da Mulher, a matriarca dessa família, destaca a importância da persistência das empreendedoras femininas diante de seus projetos, principalmente na fase inicial. “O segredo é nunca desanimar. A gente tem que ter o ânimo, vontade de vencer e se aperfeiçoar cada vez mais. As coisas vão se engrenando e chega uma hora que vão estar do jeito que o nosso coração um dia pensou e desejou”, incentiva Angela Guimarães.
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