
Quem não se lembra da primeira professora que ensinou a juntar as sílabas, formando palavras e frases, do professor da matéria predileta ou mesmo daquela disciplina que causava pânico? Pois, é... dos anos pré-escolares até a vida universitária, os professores são marcantes para os alunos. E esses profissionais tiveram que se reinventar durante a pandemia de Covid-19, mas ainda assim, infelizmente, não são merecidamente valorizados no ensino público. E para falar sobre isso, O Canal da Lili está linkado com a Professora Bebel na valorização dos professores. Maria Izabel Azevedo Noronha, a Professora Bebel, é natural do distrito de Ártemis em Piracicaba (SP). Licenciada em Língua Portuguesa pela Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba), com mestrado em Administração Educacional pela mesma instituição, Bebel é presidenta do Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) e deputada estadual pelo PT. Em homenagem ao Mês dos Professores, confira a entrevista:
O que te motivou a ser professora? Sente saudade do tempo em que ministrava para os alunos em sala de aula?
Desde criança sonhava em ser professora. Tenho lembrança de brincar com meus irmãos, usando um pedaço de madeira com lousa e um pedaço de carvão como giz. Foi uma escolha natural para mim e é uma profissão que adoro. Fiz a opção pela luta sindical e mais tarde pela política como expressão do amor pela educação e pelos educadores, pois é preciso melhorar muito a educação pública no Brasil e no Estado de São Paulo. E sinto saudades, sim, de ministrar aulas, me relacionar com os alunos e acompanhar sua formação e seu crescimento.
Quantos professores temos no Estado de São Paulo? Quais são os principais desafios?
Temos atualmente 200 mil e chegamos a cerca de 300 mil professores na rede estadual de ensino, incluindo os nossos queridos aposentados, que muito contribuíram na educação paulista. Quase 89% são mulheres. A idade média é de 44,8 anos. Hoje os maiores desafios são a valorização profissional (os salários dos professores da rede estadual de SP estão entre os mais baixos do Brasil), os direitos da carreira (quase 70 mil professores e professoras são temporários, com contratos precários) e o respeito à profissão, pois nossa categoria é vítima constante de autoritarismo e assédio moral.
O atual governador tem colocado pautas, referentes ao servidor público, que são profissionalmente desmotivadoras. Em relação aos professores quais são os principais prejuízos e como é possível reverter isso?
Em primeiro lugar, nossos salários estão congelados em patamares abaixo do piso salarial profissional nacional, que foi uma conquista dos professores brasileiros. É um absurdo que isso ocorra no estado mais rico da federação. O atual governador não apenas não reajusta os nossos salários, como quer substituí-los por subsídios, que são devidos apenas a quem ocupa cargos eletivos. Com isso, o professor deixaria de ter os benefícios da carreira (quinquênios, sexta-parte, evolução e progressão) e passaria a ter reajustes de acordo com avaliações e outros critérios que não estão sequer definidos. No caso dos aposentados, Doria (governador João Doria) instituiu uma injusta e abusiva cobrança previdenciária adicional. Os aposentados já contribuíram durante toda a vida e agora têm que pagar mais. Muitos estão com grandes dificuldades para sobreviver. Apresentei na Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo) o PDL (Projeto de Decreto Legislativo) 39 para anular esse confisco, mas maioria governista está bloqueando a sua tramitação. O governador enviou para a Alesp o PLC 26, que praticamente acaba com concursos públicos, permite a contratação ilimitada de servidores temporários, facilita a demissão de servidores concursados por meio de provinhas e por aí vai. Só é possível reverter tudo isso com muita luta e para isso precisamos do apoio da sociedade, pois os ataques aos servidores e aos serviços públicos prejudicam o atendimento justamente à população mais pobre, que mais necessita das políticas públicas em educação, saúde, segurança, assistência social e outras áreas.
Como deputada estadual, a senhora tem incluído em seu posicionamento questões além do magistério, lutando contra o Estado mínimo tão defendido por governantes atuais. Como anda esta luta?
A luta contra a imposição do Estado mínimo é cotidiana e permanente. Ela se expressa na nossa resistência a cada medida que visa desmontar as políticas públicas e privatizar os serviços públicos, por meio de concessões, transferência para Organizações Sociais, consultorias e grupos privados.
Qual recado daria aos professores, especialmente neste mês de outubro?
Eu diria que a melhor maneira de celebrar o nosso País é persistir na luta e resistir a todas as medidas que visam nos desvalorizar e nos tirar nossa prerrogativa de ensinar como liberdade, dentro dos princípios assegurados pela Constituição Federal. Nós, professores e professoras, somos portadores do mais importante legado da humanidade: o conhecimento. Representamos o fio condutor da cultura, da memória, da continuidade e do desenvolvimento da sociedade humana. Se a educação é a ferramenta do progresso social, são os professores a sua alma e a sua essência.
SERVIÇO
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Bom Dia, muito bem, precisamos de pessoas assim, engajadas com seu povo.