O País comemora neste ano, 132 anos da Proclamação da República, que sob o comandado do marechal Deodoro da Fonseca colocou fim ao Império do Brasil. Mas apenas em 1894, a República Velha elegia o primeiro presidente civil, Prudente José de Moraes Barros, que passou boa para de sua vida em Piracicaba (SP) e ocupou a Presidência entre 1894 e 1898. Um detalhe bastante significativo na história da República do Brasil, é que as mulheres passaram a ter direito a voto somente em 1934. Para falar sobre isso, O Canal da Lili está Linkado com: Carolina Angelelli na participação feminina na democracia.
Carolina Angelelli tem 41 anos, é natural de Piracicaba, mãe do João Vitor Angelelli Mendes, 18 anos, e da Alice Angelelli Mendes, 14 anos. Carolina é graduada em Direito, com especializações em Comunicação. Ainda jovem, integrou movimentos estudantis, militando em causas sociais. Foi presidente do Conselho da Mulher de Piracicaba e atualmente é conselheira. Atualmente, Carolina Angelelli é assessora de imprensa da ONG Caphiv (Centro de Apoio aos Portadores de HIV/Aids e Hepatites Virais) e presidente do PDT (Partido Democrático Trabalhista) de Piracicaba. Confira a entrevista:
Como avalia o papel da mulher na República Federativa do Brasil?
Nós mulheres representamos 51,8% da população, chefiamos 45% dos lares e ainda ganhamos 20,5% menos que os homens. Precisamos e devemos, cada vez mais, participar da vida política como protagonistas das nossas reivindicações, mas isso nem sempre é fácil. Quem assiste o machismo, a desqualificação e o desrespeito vívidos por muitas parlamentares, produzidos pelos próprios colegas, se desestimula. Neste momento de crise econômica e sanitária, diversas matérias publicadas pela imprensa mundial relataram que os lugares que melhor lidaram com o coronavírus são liderados por mulheres. Islândia, Tailândia, Alemanha e Nova Zelândia, Finlândia e Dinamarca foram apontados como exemplos de gestão de crise de saúde. Então, Lili, é incontestável que temos todas as habilidades necessárias e devemos todos nos unir para rompermos com a desigualdade de gênero nas esferas de poder, seja no Legislativo, no Executivo ou no Judiciário. Embora o avanço de ocupação de espaços de poder pelas mulheres seja perceptível na sociedade brasileira, ainda há muito que evoluir para se alcançar a necessária paridade de direitos.
O que te fez entrar para a política e quando, efetivamente, isso começou?
Pode parecer estranho, mas me recordo bem que desde pequena eu já assistia os debates políticos e sabia de cor todos os jingles deles. Também sou muito engajada e questionadora e, por isso, quando era mais jovem, integrei Grêmio Estudantil e Centro Acadêmico. Então, Lili, junte-se ao meu interesse apontado desde criança, o meu ativismo amadurecido ao longo da minha vida e forjado no movimento estudantil à minha ideologia. Formou-se a mulher que sou hoje! Porque, sem dúvida a ideologia é muito forte em mim e me refiro ideologia no sentido de querer ser uma agente real comprometida com as mudanças que queremos no mundo. Estou me referindo ao compromisso que sinto em diminuir as desigualdades sociais, em gerar trabalho, renda, saúde, educação, moradia... nos exatos moldes das figuras públicas que me inspiram e que se dedicaram em transformar a vida das pessoas do nosso país, como o ex-presidente Getúlio Vargas, Darcy Ribeiro, o ex-presidente Jango, Leonel Brizola e agora mais recentemente Ciro Gomes.
Quais são e de que forma é possível resolver os principais problemas da democracia brasileira?
Nossa jovem democracia tem anos de idade e apesar de todas as ameaças e golpes, estamos nos mantendo firmes em sua defesa. Hoje, mais do que nunca, nós precisamos de um chefe de Estado com experiência política, liderança e com visão de futuro, capaz de superar os desafios econômicos e sociais que essa nação brasileira de proporções continentais tem. Hoje, o Brasil vive uma crise de representação, por exemplo: a ciência x o negacionismo ou a crise econômica x a festinhas do presidente. Isso agrava ainda mais a descrença dos brasileiros na classe política e ninguém quer ouvir ou poucos acreditam em projetos. Mas, eu acredito! Nós temos um nome que em 40 anos de vida pública, nunca respondeu a nenhum inquérito, nem pra ser julgado e absolvido. Nós temos um Projeto Nacional de Desenvolvimento para o Brasil que acabou de ser escrito por Ciro Gomes e, inclusive, está concorrendo ao prêmio literário Jabuti. É a nossa missão, falar de Brasil e mostrar que temos como voltar a sentir orgulho de nosso país.
Já sentiu dificuldade por parte dos homens em alguma atuação social, política, por você ser mulher?
Eu já enfrentei estruturas machistas e extremamente cruéis, sim. Já chorei muito, me questionei e pensei que não ia suportar. Graças a Deus, as figuras mais atuantes do meu partido sempre acreditaram em mim e nosso grupo me apoia com muito carinho e lealdade. Me seguro firme porque tenho dois filhos, João Vitor, com 18 anos, e Alice, com 14 anos, e quero fazer a minha parte pra deixar um mundo melhor para eles. Faço questão de trazer mulheres, jovens, negros e abrir os movimentos dos partidos para todos que tenham afinidade ideológica com nossas bandeiras e me posiciono como uma orientadora e um escudo de proteção para que eles não precisem passar por tudo que eu enfrentei.
Num papo surreal, o que você diria a Prudente de Moraes, primeiro presidente civil do Brasil, que passou boa parta de sua vida em Piracicaba, sobre a atual situação do Brasil?
Excelentíssimo Senhor Presidente, não trago-lhe boas notícias. Primeiramente, quero registar que lamento que mesmo eleito democraticamente, seu governo só tenha durado 3 anos. Após o seu afastamento, outro presidente se suicidou por amor à pátria, a ditadura nos abateu e afastou do cargo um presidente que pautava pelas reformas estruturais que necessitamos, lideranças se exilaram no exterior para fugir da morte... e quando retomamos a democracia e pudemos votar novamente, as escolhas não foram condizentes com as nossas reais necessidades e somente dois presidentes eleitos conseguiram concluir os seus mandatos. Nas terras piracicabanas, a situação também não é animadora: passamos um longo período sob uma única administração e sem renovação e, atualmente, o nosso administrador não tem se mostrado muito próximo do diálogo e dos exercícios diplomáticos. Mas, estamos atuantes e acreditamos que temos condições de fazer desta terra que "em se plantando tudo dá", um país com menos desigualdade social, que aceite e inclua as diferenças humanas e que respeite a liberdade essencial para a manutenção da democracia.
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