De leitor do jornalzinho infantil que admirava desde criança, Érico San Juan, 45 anos, em 1991, passou a ser o ilustrador profissional da publicação do Jornal de Piracicaba. Mais de 30 anos se passaram e o artista gráfico nunca parou de desenhar, criando personagens, lançando livros, exposições, projetos, entre eles, a Revista Dito, o bendito, com o personagem de quadrinhos e tiras. Numa demonstração de interatividade, a revista tem capa personalizada com uma tirinha com o Dito e o leitor que adquire o exemplar. O piracicabano Érico San Juan é técnico radialista locutor pelo Senac Limeira, desde 2010, além de ser tecnólogo em Design Gráfico pela Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba), desde 2014. Confira a entrevista:
Como descobriu seu talento e como foi seu início nas artes gráficas?
Nunca parei para pensar em aptidão, talento ou dom. Aliás, nunca parei: sempre pensei e sempre desenhei. A primeira oportunidade profissional surgiu no Jornal de Piracicaba, em 1991. Desempenhei a função de ilustrador do Jornalzinho, caderno infantil que eu lia desde criança. No JP, também criei a tira diária “Dito, o bendito”, personagem que me acompanha até hoje em livros, exposições e na internet. Também editei jornais de humor independentes, publiquei meus trabalhos em 26 livros e 6 CDs, além de somar 63 exposições coletivas e individuais no meu currículo, entre as quais na Bienal Internacional da Caricatura, no Rio de Janeiro, no Museo Diogenes Taborda, na Argentina, e no nosso Salão Internacional de Humor de Piracicaba, onde também fui jurado de seleção. Essa trajetória também pode ser vista na série “Piracicartum”. O episódio dedicado ao meu trabalho será exibido no dia 27, às 8 da noite, nas plataformas digitais do Sesc Piracicaba.
O que estimula a criatividade de um artista gráfico? Como é o seu processo criativo?
O estímulo ao meu processo criativo chama-se “prazo”. O ilustrador trabalha atendendo demandas, geralmente com a frase “É pra ontem” gongando em seus tímpanos. Pesquisa, rascunhos, finalização, emissão de notas, atendimento, são feitos em tempo digno de um recordista olímpico.
Durante a pandemia, como lidou no primeiro ano com o isolamento social? Agora, com maior flexibilização, a cultura está fluindo também para os artistas gráficos, com possibilidades, por exemplo de exposições presenciais?
Nos primeiros anos de carreira, trabalhei presencialmente em redações de jornal. Com o desenvolvimento da tecnologia, principalmente da internet, a necessidade de se trabalhar “batendo cartão” num ambiente físico alheio não se fez mais necessária. O ilustrador autônomo pode tranquilamente negociar e fechar trabalhos em sistema home office. A pandemia causou em mim as mesmas angústias e dúvidas de qualquer cidadão. Quanto a exposições... de setembro de 2018 a fevereiro de 2020, realizei a exposição itinerante “Caricaturas de Salão”, que circulou por 18 espaços físicos de 5 cidades do interior paulista. Em janeiro de 2021, publiquei pela editora Marca de Fantasia o e-book “30 Anos de Humor Gráfico”. O primeiro volume trouxe uma coletânea dos meus quadrinhhos para jornais. O segundo volume deverá trazer uma seleção de caricaturas. A internet supre em parte o desejo de expor trabalhos, mesmo que de forma digital e não presencial.
O que você espera, em relação à cultura, ao Brasil, ao mundo, para 2022?
Minha atitude é a mesma de sempre. Nunca criar expectativas. Sempre criar trabalhos, alternativas, soluções, diferenciais. Seguir em frente sem lamentações ou vitimismos. Dificuldades sempre existiram, mas elas devem nos fortalecer, nunca nos liquidar.
SERVIÇO
Érico San juan: Instagram @ericosanjuan.
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