
O capacitismo – a discriminação contra pessoas com alguma deficiência -, a valorização da mulher, a importância da saúde mental, o mergulho no autoconhecimento, bem como a luta contra a discriminação racial estão entre as temáticas de posts da estudante de Psicologia Francine Aguiar e Silva, 32 anos. Logo na Biografia do IG (Instagram) @aguiarfrancinne, Francine Aguiar se posiciona com a seguinte frase: “O filtro da vida é melhor que o do Instagram”. Já dá para perceber a pegada, né?
Apaixonada por Frida Khalo - pintora mexicana conhecida por seus autorretratos de inspiração surrealista – Francine tem no IG feed que provoca e inspira, que leva quem observa sua timeline a refletir sobre questões que permeiam o dia a dia da sociedade. Francine cursa o 4º semestre de Psicologia na Universidade Anhembi Morumbi, em Piracicaba (SP), já foi integrante de coletivo de mulheres negras e coletivo de mulheres com deficiência, mas atualmente, por compromisso funcionais e acadêmicos, deixou de participar. Confira a entrevista:
Seu perfil no Instagram é bastante politizado, levanta questões importantes para a sociedade. Foi criado com esse objetivo?
Não foi criado com esse objetivo, mas na minha fase atual de autoconhecimento vejo que sou totalmente da classe excluída pela sociedade, as minorias. Me sinto no dever de me posicionar e levantar essas questões.
Recentemente, você colocou um post, cuja mensagem é a pergunta provocativa que lhe faço: que lugar ocupam as mulheres pretas com deficiência?
Sim, parei para refletir e percebi o quanto eu não as vejo dentro da sociedade, porque esses corpos não são aceitos, primeiro pela deficiência e depois pela raça. Falo como quem viveu 32 anos sentido as consequências disso, mas eu não sou a única. Dentro do coletivo de mulheres com deficiência vi o quanto é necessário, importante e urgente trazer esses questionamentos nas redes e em todo lugar.
Você tem uma necessidade especial. Como foi crescer e lidar com a sociedade, principalmente, quando era criança ou adolescente?
Tive luxação congênita no quadril direito, passei por vários procedimentos cirúrgicos e o último foi uma artoplastia total de quadril, em 2016. Crescer e lidar com a sociedade sempre foi o maior desafio da minha vida. O capacitismo - preconceito com as pessoas com deficiência - está em todos os ambientes. Um corpo fora do padrão é alvo de bullying. Na fase quando criança, eu me sentia incluída pelos meus colegas da escola. Isso me faz acreditar que o preconceito não vem na fase da criança. Já na adolescência e na vida adulta, sofri muito preconceito. Atualmente, eu consigo lidar com isso, depois de alguns anos na terapia. Sinto orgulho de ser quem eu sou.
No Mês da Consciência Negra, qual recado você daria para quem, de fato, deseja somar na luta antirracista?
Amor, humildade e coragem. Eu acredito que de fato, se uma pessoa branca ama uma pessoa negra, ela é humilde para ouvir e aprender sobre a luta antirracista. Se ela ama, ela tem coragem de se posicionar.
UMA ALEGRIA: "A fé".
UMA TRISTEZA: "O luto".
MAIOR REALIZAÇÃO: "Amor-próprio'.
SERVIÇO
Francine Aguiar – contato: Instagram - @aguiarfrancinne; e-mail - francinneaguiar@yahoo.com.br .
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