
Em manifestação organizada pela Apeoesp, mais de mil professores de diversas regiões do Estado de São Paulo cobraram da Secretaria Estadual da Educação emprego, salário e direitos, assim como valorização salarial e profissional, condições de trabalho. Na manifestação, que aconteceu na Praça da República, em frente a Secretaria Estadual da Educação, na última quarta-feira (21), professores também protestaram contra o autoritarismo, assédio moral, por atribuição de aulas presenciais, justa e transparente, contra o corte de R$ 10 bilhões da educação, entre outras reivindicações da categoria, e aprovado um calendário de ações, entre eles uma nova assembleia no dia 15 de março, também na Praça da República, seguido de ato unificado com o “Grito por Serviços Públicos de Qualidade e Pelos Direitos do Funcionalismo no Estado de São Paulo”.
A segunda presidenta da Apeoesp, a deputada estadual Professora Bebel (PT), que participou da manifestação, destacou que o governador Tarcísio de Freitas reconheceu que a categoria não tem salários justos e condições de trabalho, mas foi irônico ao dizer que temos "amor". “Nós queremos valorização salarial e profissional, condições de trabalho, atribuição presencial, justa e transparente, não ao corte de R$ 10 bilhões da educação, fim do autoritarismo e do assédio moral”, declarou, colocando o seu mandato popular na Assembleia Legislativa e com a Apeoesp, que é a entidade que organiza de forma unitária a categoria.
Já nesta quinta-feira, 22 fevereiro, a deputada Professora Bebel promoveu na Assembleia Legislativa audiência pública para discutir problemas e soluções no processo de atribuição de aulas na rede estadual de ensino. Para a parlamentar, a atribuição de aulas de 2024 foi uma das piores, “senão a pior, da rede estadual de ensino. Isso decorre da terceirização do processo para a VUNESP, sendo que a própria Secretaria Estadual da Educação sempre realizou o processo do início ao fim com pessoal capacitado para isso. Ocorrem graves erros de classificação, injustiças, erros, extravio de documentos e desrespeito para com os professores”, destacou.
Na audiência, foram expostos os elementos envolvidos neste processo, técnicos, jurídicos, administrativos e políticos, para que seja dado continuidade a pressão junto à Secretaria Estadual da Educação para que sejam solucionados.
ARTIGO
Amor nós temos. Queremos valorização e respeito
*Professora Bebel
Nesta semana o governador Tarcísio de Freitas, por meio de uma declaração irônica e infeliz, reconheceu que os professores não têm salários justos, nem condições de trabalho, mas têm “amor”.
Considero a declaração desrespeitosa. Em primeiro lugar, porque o mesmo governador que reconhece que não temos salários justos, se recusa a estabelecer uma política salarial para a nossa categoria. Este governador mantém as políticas de governos anteriores, de pagamento de abono complementar, em lugar de aplicar o reajuste do piso nacional no salário base, beneficiando toda a carreira. Mantém pagamento de bônus, quando os recursos poderiam ser aplicados em reajustes salariais. Não se dispõe a discutir uma carreira aberta, justa e atraente e para as professoras e os professores.
Este governador também não realiza nenhum plano de reformas e adequações das escolas estaduais às necessidades do processo educativo. As escolas são antigas, possuem graves problemas estruturais, que não são enfrentados pelo Estado. As condições de trabalho também passam pelos projetos político-pedagógicos das escolas, que devem ser construídos de forma democrática por meio dos Conselhos de Escola, com participação ativa de todos os segmentos que compõem a comunidade escolar (professores, estudantes, funcionários e pais). Entretanto, o governo do senhor Tarcísio de Freitas é marcado pelo autoritarismo, assédio e cerceamento da liberdade de ensinar e aprender.
O governador que diz que os professores têm “amor”, por meio de seu secretário da Educação, Renato Feder, quer retirar totalmente desses profissionais sua autonomia para definir suas aulas. Por meio apostilas e slides, este governo impõe ao professor o que deve ser trabalhado com os estudantes, deixando o professor na condição de um “monitor” em sala de aula. Pior ainda: tais apostilas e slides trazem conhecimentos aligeirados e contém até mesmo erros, como foi denunciado em 2023, quando se descobriu que ali se afirmava que a cidade de São Paulo tinha praias, que D. Pedro II havia assinado a Lei Áurea e outros absurdos.
O secretário Renato Feder, pelo jeito, não acredita muito nesse “amor” que o governador atribui aos professores, pois manda diretores de escolas, supervisores de ensino e coordenadores vigiarem as aulas, fazendo relatórios sobre o que o professor diz ou não em sala de aula. Não aceitamos. A Constituição garante liberdade de ensinar e aprender e pluralidade de concepções pedagógicas nas escolas.
Além disso, esse governo demitiu quase 50 mil professores no final de 2023, milhares deles ainda não conseguiram aulas, enquanto muitos milhares de estudantes ainda estão sem professores. Ao se recusar a prorrogar esses contratos, deixou esses professores sem salários, lutando pela sobrevivência. Este governo submeteu mais de 100 mil professores ao pior processo de atribuição de aulas da rede estadual de ensino.
Tarcísio de Freitas também é o governador que reconhece que o professor ganha mal e não tem estrutura para trabalhar, mas quer cortar R$ 10 bilhões das verbas da Educação. Quanta contradição, senhor governador!
Temos, sim, amor à nossa profissão e temos amor aos estudantes aos quais nos dedicamos cotidianamente nas escolas, mesmo sem condições de trabalho. Mas somos profissionais, somos trabalhadores e trabalhadoras e precisamos ser valorizados profissionalmente. Precisamos de salários dignos. Precisamos de carreira justa. Precisamos e exigimos respeito! *Professora Bebel é deputada estadual pelo PT e segunda presidenta da APEOESP
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