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De Piracicaba (SP), Invasores, Cigana Nochy e Selvagens Histórias participam de tributos à banda Inocentes

Foto do escritor: O Canal da LiliO Canal da Lili
Banda Cigana Nochy, de Piracicaba - Foto: Acervo Cigana Nochy

As bandas piracicabanas Invasores, Cigana Nochy e Selvagens Histórias participam de dois tributos que serão lançados nesta segunda-feira (9), à banda Inocentes, uma das mais importantes da história do punk brasileiro. Os materiais, idealizados pela Fábrica Mutante de Cultura, estarão disponíveis em diferentes plataformas de streaming, e são intitulados “Miseráveis & Esfomeados: um tributo Mutante aos Inocentes” e “Em SP... Continuamos em Pânico”.


Outra banda da região, a Ponto50, de Santa Bárbara d´Oeste, também participa. Grupos de diferentes estados brasileiros compõem o material.


O objetivo, segundo os organizadores, é reviver o espírito contestador e revolucionário dos álbuns Miséria e Fome (1983) e Pânico em S.P. (1986), dois marcos da banda Inocentes e da cena punk nacional, cujas músicas enfrentaram censura durante o período de ditadura no Brasil.





Reencontro com questões políticas e sociais

Os tributos trazem não só a releitura das músicas, mas também um reencontro com questões políticas e sociais que a banda aborda em suas letras. Ricardo Drago, organizador da coletânea e fundador da Mutante Radio, conta como surgiu a ideia do tributo.


“Ao mesmo tempo que eu falava com o Renan, da banda Cigana Nochy, escrevia para o Kike Crazyland, e me lembro de falar para os dois praticamente ao mesmo tempo: temos que fazer um tributo aos Inocentes. Propus que fizéssemos o primeiro disco, mas logo percebemos que a banda merecia algo maior, juntamos os álbuns Miséria e Fome e Pânico em S.P.”, diz.


Músicos de quatro regiões brasileiras participam do projeto e deixam suas marcas em cada gravação. Kike Crazyland aponta para uma diversidade de bandas, o que ele acredita ser imprescindível. “Além da renovação das obras compostas, existe uma atualização da linguagem dessas músicas e do público que passará a ouvir a banda”, opina.


“Inocentes foi umas das primeiras bandas punks do Brasil. Eles apareceram no cenário com atitude e energia, trazendo canções que falam de uma cidade caótica como São Paulo e seus problemas, muitos deles presentes ainda hoje”, afirma o músico.


Músicas vetadas

Por tratar de questões sociais do contexto, o álbum Pânico em S.P. teve seu lançamento reduzido em um E.P. com quatro músicas. Na primeira tentativa de aprovação pela Censura Federal, a banda enviou 12 músicas e recebeu o carimbo de veto em nove delas. O músico e pesquisador Renan Costa de Negri, aponta que a censura foi um grande problema para as bandas do início do punk no Brasil


“A própria música Miséria e Fome – nome do primeiro disco - não foi aprovada em primeiro momento. A banda precisou burlar a censura por meio do reenvio das músicas em nome de outros integrantes e da mudança de parte da letra. Músicas como Tortura, Medo e Repressão; (Salvem) El Salvador; Vida Submissa; Não à Religião; e Promessas, foram censuradas. E não é de se espantar, afinal, a banda denunciava que a tortura, o medo e a repressão eram usados pela ditadura para destruir verdades”, diz Renan.


Banda Invasores, de Piracicaba - Foto: Conexão Musical

Fortalecimento do punk brasileiro

A criação dos tributos surge como um marco no fortalecimento da memória do punk brasileiro, uma homenagem não só à banda Inocentes, mas a todos os grupos e jovens que vivem o punk desde os tempos da ditadura.


O material tem como objetivo resgatar o impacto cultural dessas músicas e conta com o aval de Clemente Tadeu Nascimento, vocalista da banda Inocentes que foi convidado a ouvir as músicas antes do lançamento. “É muito louco pensar que em 1983 eu tinha 9 anos e o Clemente já estava tomando enquadro da polícia todo dia. Ele me contou isso na conversa que tivemos quando fui mostrar o tributo. O Kike o convidou para a audição no estúdio 1234 em SP, estúdio do Alamo e do Nacho”, diz Ricardo Drago.


“Quando chegou, aquele papo de como vai e tal, já puxei as capas, feitas pelo Loge, que é trombonista do Gritando Ska, ele já viajou ali mesmo, dava para sentir que ele estava voltando no tempo, contou que as duas fotos usadas nas capas originais foram tiradas no mesmo lugar, num intervalo de três anos”. Ricardo conta também que “entre uma música e outra a empolgação ganhou espaço e Clemente chegou a dançar”, afirma Ricardo.


O lançamento acontece na segunda-feira (9). É possível ouvir os tributos pelas plataformas digitais de streaming Bandcamp, Spotify, Deezer, Apple Music, YouTube Music e Amazon Music.


Lista de Álbuns e Músicas


Disco 01 - Miseráveis & Esfomeados: um tributo Mutante aos Inocentes

Miséria e Fome (Apenas Conto o Que eu Vi) - Vital (Rio de Janeiro/SP)


Morte Nuclear - I.C.H. (Imbecis Comandam os Homens) - (Canoas/RS)


Aprendi a Odiar - Questions (São Paulo/SP)


Calado - Marcelo Callado (Rio de Janeiro/SP)


Não à Religião - Cigana Nochy (Piracicaba/SP)


(Salvem) El Salvador - Crazyland (São Paulo/SP)


Torturas, Medo e Repressão - Roboto (Belo Horizonte/MG)


Não Diga Não - Kabrunko (Brasília/DF)


Vida Submissa - Crents Tarantinos (Quatro Barras/PR)


Meninos do Brasil - Sangria Social (São José dos Campos/SP)


Maldita Polícia - Ponto50 (Santa Barbara d'Oeste/SP)


Não Aguento Mais (Promessas) - Inana (Caruaru/PE)


Miséria e Fome - Alamo (São Paulo/SP)

Disco 02 - Em SP... Continuamos em Pânico

Rotina - Elemento Zero (Vitória/ES)


Ele Disse Não - Pinguim & Grandão (Campinas/SP)


Não Acordem a Cidade - Selvagens Histórias (Piracicaba/SP)


(Salvem) El Salvador - Cigarras (Curitiba/PR)


Expresso Oriente - Punkzilla (Porto Alegre/ SP)


Pânico em S.P. - Anversa (São José dos Campos/SP)


Ele Irá se Vingar - Invasores (Piracicaba/SP)

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