Consciência Negra: que haja equidade para os afrodescendentes
- Eliana Teixeira
- 19 de nov. de 2020
- 3 min de leitura
Atualizado: 11 de fev. de 2022
No Dia da Consciência Negra, celebrado nesta sexta-feira (20), assim como durante todo o mês de novembro, denúncias contra o racismo e ações necessárias para a promoção da equidade aos descendentes de povos africanos que foram escravizados devem ser ainda mais divulgadas. E o resgate da história ou de fatos históricos importantes são fundamentais. Entre ações precisam ser lembradas está a Terceira Conferência Mundial contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e Formas Correlatas de Intolerância, ocorrida na África do Sul, em 2001. A Conferência de Durban, como ficou conhecida, foi promovida pela ONU (Organização das Nações Unidas) reuniu 173 países – entre eles, o Brasil - e 4 mil ONGs (Organizações Não-Governamentais).

Durante o evento mundial, a escravidão de milhões de africanos foi reconhecida como crime contra a humanidade e representantes de 99 países assinaram a declaração final da conferência da ONU contra o racismo e a xenofobia. Mais que o pedido de desculpas do mundo ocidental pelo tráfico de escravos, em documento diplomático, é a partir da Conferência de Durban que o Brasil passa a institucionalizar ações afirmativas, chamadas de cotas, para promoção de afrodescendentes, principalmente, referente à inserção no ensino superior.
Infelizmente, ao contrário do ocorreu com o reconhecimento do holocausto como crime contra a humanidade que teve estabelecida pecúnia – indenização necessária pelas consequências das atrocidades causadas pelo nazismo -, no caso dos descendentes de povos africanos escravizados, não houve isso. A Conferência de Durban não estabeleceu qualquer tipo de reparação indenizatória, mas é um marco para que governos, como no caso do Brasil, iniciassem algum tipo de reparo, em um país que recebeu mais de 4 milhões de negros africanos escravizados. Mas os participantes da conferência pensaram em tudo.
Que haja Consciência Negra, principalmente, na iniciativa privada que pode contribuir com a equidade aumentando a contratação de afrodescendentes em seus quadros de funcionários, bem como gestores públicos precisam deixar de ser etnocêntricos, colocando cidadãos negros, pretos, não-brancos, em cargos do primeiro escalão. Gente afrodescendente competente, com formação superior, pós-graduação, mestrado, doutorado, tem. O que precisamos é ampliar as ações afirmativas, em prol de uma sociedade mais justa e igualitária. Luz e paz, a todos!
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O Canal da Lili tem promovido lives, semanalmente, sobre temas relevantes à sociedade. E como não poderia ser diferente, nesta sexta-feira (20), às 16h30, a live será A Consciência é Negra, com a jornalista Raquel Soares. O objetivo da live é abordar a consciência étnica no Brasil, onde pessoas com a pele menos escura recebem outras nomenclaturas para sua etnia, como morena, parda, ou até mesmo não são consideradas afrodescendentes.
Raquel Soares é uma jovem de 22 anos, formada em Jornalismo pela Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba), que vai falar sobre como é lidar com a não-aceitação de muitas pessoas ao fato dela declarar-se negra, por ter cabelos lisos e a pele mais clara. O papo cabeça com Raquel Soares será no Instragram @ocanaldalili.
DADOS ESTATÍSTICOS
Em 2018, o Brasil tinha 19,2 milhões de pessoas que se declararam pretas – 4,7 milhões a mais que em 2012, o que corresponde a uma alta de 32,2% no período, segundo levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Os dados também mostram que, anualmente, a população declarada branca vem diminuindo no País. Em 2018, a população declarada branca era 89,7 milhões de brasileiros, contra 92,2 milhões em 2012. Os brancos foram maioria no Brasil até 2014. Desde 2015, os pardos – termo utilizado oficialmente pelo IBGE – tornaram-se a maioria da população, num salto de 89,6 milhões em 2012 para 96,7 milhões em 2018.
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