O projeto Afro Black promoveu, no sábado (4) e domingo (5), as duas primeiras lives do encontro “Afro Black Afrofuturista” que tem o apoio do Governo do Estado de São Paulo, do ProAC e da Casa do Hip Hop de Piracicaba (SP). A ação que tem o objetivo de informar e empoderar a população preta da cidade de Piracicaba e região, trouxe no sábado uma oficina de estamparia africana, com Japhette Ozias Ninninla Lantonkpode, uma palestra sobre empreendedorismo em África, com Hiaosmim Vanderlei Tavares Costa (diretamente de Guiné Bissau) e muita música africana com o DJ Fábio Lima.
Já no domingo, a live foi comandada por Janice Sança, Mister Prav e Marseu de Carvalho, que organizaram uma roda de conversa sobre educação e tecnologia afrofuturista, além do DJ Fábio Lima que agitou mais uma vez a transmissão com muita música africana.
O projeto está apresentando debates sobre o continente africano para além da musicalidade, culinária e dança, pois aborda, também o empreendedorismo, a moda, a linguagem e a tecnologia, a partir de narrativas de estudantes e profissionais africanos provenientes de países como Angola, Benin, Cabo-Verde, Guiné-Bissau e Moçambique, mas que hoje vivem no Brasil.
Programação
O encontro tem duração de quatro dias: três no formato online, por meio de lives, e um presencial. Todas as atividades estão sendo gratuitas e as transmissões ocorrerem nas redes sociais do projeto (Instagram: https://instagram.com/afroblackpira?igshid=NDA1YzNhOGU=; Facebook: https://www.facebook.com/afroblackpiracicaba/) e da Casa Hip Hop Piracicaba (Instagram: https://www.instagram.com/casahiphoppiracicaba/; Facebook: https://www.facebook.com/casa.h.piracicaba). Confira os próximos dias de programação:
Dia 11 de junho, das 17h às 19h – on-line: Roda de Conversa - Línguas faladas no continente africano, com Vensam IaLa: serão apresentadas algumas das diferentes línguas faladas no continente que influenciaram o português falado no Brasil, assim como algumas curiosidades sobre o crioulo de Guiné-Bissau e Cabo Verde; DJ Fábio Lima: Músicas africanas e danças; Roda de Conversa - Música e Afrofuturismo em África, com Otis Selimane: serão apresentados elementos da música africana e brasileira que mesclam visões futuristas, ficção histórica e científica, assim como a arte africana e da diáspora africana que trabalham com afrocentrismo e cosmovisão africana em geral. Desfile de moda por Japhette Ozias Ninninla Lantonkpode: Com estampas Afrofuturistas
Dia 26 de junho, Festival Afro Black Afrofuturismo: das 14h às 22h, presencial na Casa do Hip Hop de Piracicaba; Feira com afroempreendedores de Piracicaba e região: os interessados em expor os trabalhos devem fazer inscrição pelo e-mail afroblackpira@gmail.com; Oficina de dança afro: com Guilherme Pereira e Marcinha da Vila Africa; Apresentação de 2 DJs: Dj Emilio de Guiné Bissau e DJ Faul da rapper, cantora e compositora Drik Barbosa.
Afro Black
Em 2015, surgiu, por meio das irmãs Sabrina Alessandra Rodrigues Semedo e Camila Fernanda Rodrigues, o projeto chamado Afro Black. O foco é divulgar a cultura africana e a sua musicalidade no município de Piracicaba e região, por meio de apresentações de DJs africanos de diferentes nacionalidades, residentes no Brasil.
Durante as edições realizadas, foram apresentados diferentes gêneros musicais (Afro House, Afro Beat, Kuduro, Zouk e Kizomba) e também aconteceram desfiles para divulgar as vestimentas e acessórios africanos.
O projeto foi inspirado na Semana da África e Festa Africana, eventos que acontecem na cidade de São Carlos (SP) desde 2006, para celebrar o dia 25 de Maio (Dia da África), que é uma data comemorada mundialmente. O Projeto Afro Black foi sucesso, em Piracicaba, e até o momento, 15 edições foram realizadas, sendo na maioria das vezes produzidas em colaboração com estudantes, empreendedores e profissionais africanos e afrodescendentes que vivem na cidade e no Estado de São Paulo.
Afrofuturismo
O Afrofuturismo é um termo criado pelo americano Mark Dery (autor do artigo "Black to the Future"), em 1993, nos Estados Unidos. Ele aborda temas da diáspora africana sobre o passado e futuro, por meio de sua ancestralidade e, também da perspectiva tecnocultural da África.
No entanto, é importante mencionar que os aspectos afrofuturistas já existiam muito antes do termo ser criado, como em expressões artísticas nos anos 60. Kodwo Eshun, escritor e cineasta, é outra voz importante nas contribuições iniciais sobre o tema, sendo o autor da primeira obra teórica inteiramente dedicada ao afrofuturismo (livro More brilliant than the sun). Para o autor, o afrofuturismo é uma forma de recuperar as histórias de contra-futuros criadas num século hostil à projeção afrodiaspórica.
No Brasil, o escritor Fábio Kabral, autor de “O Caçador Cibernético da Rua 13” (Malê, 2017), define o Afrofuturismo como o movimento que recria o passado, transforma o presente e projeta o futuro. Luciene (Lu Ain-Zaila), escritora afrofuturista/sankofista, no livro Sankofia (2018), coloca o encontro com a ancestralidade como chave para viver o presente e o futuro, como um dos fundamentos do Afrofuturismo.
O afrofuturismo é considerado arte, prática e metodologia que prega que pretos e pretas podem se ver no futuro, construir coisas sofisticadas e serem capazes de salvar e mudar o mundo.
Comments