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Cores do Natal de Vanessa: alegria, esperança e paz, na paleta de Deus

  • Eliana Teixeira
  • 24 de dez. de 2017
  • 5 min de leitura

Nem mesmo a Bíblia relata com precisão a data de nascimento de Jesus e, segundo informações do Livro Sagrado dos cristãos, assim como pesquisas fundamentadas em dados históricos, Cristo não nasceu no dia 25 de dezembro. Há indícios que apontam seu nascimento entre setembro a outubro. O dia 25 de dezembro, de acordo com alguns estudiosos, foi escolhido no século 4 pela a Igreja Católica, que fixou a comemoração nessa data com o objetivo de suplantar o popular festival pagão do Sol Invicto, que era celebrado no final de dezembro. Virou tradição e 25 de dezembro tornou-se a data oficial para muitos cristãos celebrarem o nascimento de Jesus. E neste Natal, o primeiro do O Canal da Lili, esta matéria especial comemora a vida de Vanessa Cilene Sant’ana, 47, tetraplégica, pintora de quadros, que faz de suas telas uma expansão da alegria e gratidão ao aniversariante mais conhecido ao longo dos dois últimos milênios da humanidade.


Vanessa pinta quadros a óleo há 25 anos, expressando sua alegria em viver


Há cerca de 25 anos, Vanessa tem como mestre em suas pinturas a óleo, a artista plástica e também pintora, Denise Storer. As limitações físicas não impediram Vanessa de iniciar e aperfeiçoar-se na arte da pintura - atividade a qual tem encomendas e participa de exposições -, nem de aprender a ler e escrever, sua forma de se comunicar com todos, já que não fala. Ao ser indagada sobre qual recado daria a todos neste Natal, Vanessa escreveu: “Que o Deus que se encarna nas cores e nas pessoas traga alegria, esperança e paz”.

O que poderia ter sido uma tragédia, com tristes lembranças e talvez um gosto amargo da decepção de quem teve os rumos da história mudados por um acidente, foi apenas o começo de uma vida muito especial. “Quando aconteceu o acidente, Vanessa tinha dois anos e meio, morávamos na cidade de Belo Horizonte. Ela foi atropelada por uma caminhonete, teve pancada na cabeça. Ficou em coma profundo por 40 dias e hospitalizada por aproximadamente seis meses. Submeteu-se a várias cirurgias e durante toda a vida tem feito atividades físicas para manter-se em movimento”, detalha a mãe, a aposentada Romilde Santos Sant’ana.

Atualmente, Vanessa está habituada há várias atividades - Escola Dominical aos domingos, equoterapia às segundas-feiras, pintura, às terças e hidroterapia às terças e quintas –, mas para que isso tornasse algo rotineiro, desde os primeiros anos ela foi estimulada pela família, principalmente, pela mãe, uma pedagoga dedicada e pastora metodista amorosa.


Vanessa com a mãe, Romilde: a pintura é “o trabalho” de Vanessa


Sendo tetraplégica, com paralisia total em todo o lado esquerdo do corpo e ausência da fala, Vanessa teve a primeira tentativa de alfabetização na Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD), em São Paulo, aos 8 anos de idade, quando iniciou um processo mais avançado com o uso de Libras. “Como tinha que ser adaptada apenas ao uso da mão direita, não deu certo. Contudo, aprendeu alguns movimentos de comunicação que a ajudam até hoje. Já em Piracicaba, aos 10 anos, foi alfabetizada na Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais), o que facilitou muito a comunicação e abriu o mundo dela para a leitura!”, relembra a mãe.

Vanessa, que é a mais velha das três filhas de Romilde, sofreu a influência dos pais - ambos professores - e das irmãs que frequentavam regularmente a escola. Comunicativa e de sorriso largo, Vanessa lê vários autores, assiste todos os telejornais, acompanhando os acontecimentos diários, o que lhe permite ter opinião própria sobre diversos assuntos. “Ela é politizada”, resume Romilde, enfaticamente.

PINTURA DE QUADROS – Na década de 90, quando a mãe e as irmãs de Vanessa se preparavam para o vestibular e ela acompanhava toda essa movimentação, ela viu um clip com a música Aquarela, de Vinícius de Moraes. Isso despertou em Vanessa o desejo pela pintura. “Naquela ocasião, conhecemos a professora de pintura Denise Storer, que se interessou em ensiná-la, o que acontece até hoje”, conta Romilde.

Por meio da pintura, relata a mãe, Vanessa mostra seu mundo interior: alegre, otimista, confiante. A pintura é “o trabalho” de Vanessa. “ Ela faz exposições e fica feliz quando vende os quadros. Na primeira venda, ajudou a trocar os pneus do carro, que é o seu meio de transporte. Em outra ocasião, juntamos dinheiro e ela trocou a cadeira de rodas. Hoje, com o dinheiro da venda de quadros, ela ajuda na preparação das telas para as exposições, investindo nas molduras”, revela a mãe.

PROFESSORA DE ARTE - Denise Storer, artista plástica e professora de arte de Vanessa, é uma dessas pessoas apaixonadas por pintura desde sempre. Como professora, Denise Storer atua há mais de 30 anos. “Passam pelo ateliê pessoas muito diferentes. Trabalho muito com técnicas e, geralmente, a gente não passa isso para crianças por não estarem preparadas ainda. Trabalho muito com adolescentes e sem limites de idade. Quem gostar de arte, pode vir”, convida.

De acordo com Denise, Vanessa frequenta o ateliê há uns 25 anos, mais ou menos, quando na época, a mãe dela ficou sabendo que a artista plástica dava aula para uma outra pessoa especial. “A mãe veio saber se eu tinha condições de fazer isso também pela Vanessa. Falei: desde que ela pudesse vir para o ateliê, o ateliê é aberto. Tem que gostar de arte para poder frequentar. No caso dela, como ela pode vir, ela se integrou na turma e todo mundo conhece a Vanessa”, conta a Denise Storer.


Vanessa e a artista plástica e professora de arte, Denise Storer: aperfeiçoamente constante


Vanessa fala através da escrita, destaca a professora, e a comunicação é perfeita, sendo que ela interage com todo mundo. “Todos conversam com ela, Vanessa conta as novidades. Ela é comunicativa e muito alegre! As pessoas gostam muito dela, pela alegria que ela tem e isso ela deixa transparecer no trabalho dela, que é muito alegre, muito cheio de cores, de pinceladas. Isso é muito bom, para ela e para nós também”, descreve Denise. Questionada sobre quais cores representam melhor a sua vida, Vanessa responde: “Vermelho, amarelo e azul com suas múltiplas variações”.

Segundo a professora de arte, houve um crescimento desde que Vanessa começou a pintar. "Houve um progresso, porque ninguém fica estacionado na arte”, enfatiza. Vanessa gosta de pintar tudo. “Tem época que ela gosta de pintar flores, tem época que faz cavalos, paisagens. Estou sempre cobrando (aperfeiçoamento) também, não pensa que existe uma diferença porque não existe. É o mesmo tratamento a todos, tanto que quando ela não faz alguma coisa que está condizente com o que eu peço, é chamada a atenção dela”, completa Denise.

PINTURA A ÓLEO - O tempo de produção de pintura a óleo, ressalta a professora, depende do pintor, do tamanho do trabalho, do motivo escolhido, se tem muita informação ou não quadro. No caso da Vanessa, explica Denise, em duas, três aulas, ela faz um trabalho, pintando de forma tranquila. “A arte é muito importante, a pessoa tendo deficiência ou não. É uma maneira de canalizar os sentimentos, as emoções, tirar de dentro e colocar numa tela, num papel, num desenho”, analisa a professora, cujo ateliê fica na rua Monsenhor Rosa, 623, no Centro. Telefone: 3433-2178 e e-mail (denisestorer@gmail.com). Facebook e Instagram: Denise Storer


FOTOS: Eliana Teixeira

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