Já imaginou ouvir uma música dos anos 40, 50 em um Long Play (LP) de vinil? Agora, imagina ouvir esse som em um aparelho radiofônico do século passado, ou até mesmo num gramofone, invenção do final do século 19! A exposição “O rádio e seus eternos receptores, em comemoração aos 50 anos da Rádio Educadora de Piracicaba, possibilita ao público uma verdadeira viagem no tempo. Aberta na última quinta-feira, 21, a exposição segue até o próximo dia 30, de segunda a sexta-feira, das 10 às 18 horas, e no sábado, das 10 às 16 horas, com entrada franca, na nova sede da Rádio Educadora, à rua São José, 435, no Centro.
Luiz Leme, ouvinte que cedeu os aparelhos à exposição, e o diretor da rádio, Jairinho Mattos
Os aparelhos de rádios antigos, que estão na exposição, pertencem ao ouvinte da Educadora, Luiz Alberto de Almeida Leme, 64, colecionador de cerca de 50 equipamentos. Para a exposição foram selecionados 20 aparelhos mais antigos. “O Luiz me confidenciou que tinha uma coleção vasta de aparelhos antigos e eu pedi para ele me mandar algumas fotos. Eu já imaginava estrear o nosso lounge com essa nossa primeira exposição. Muitas pessoas identificam com seus avós, bisavós, as determinadas marcas de rádios, com cenas de novelas, filmes. Antigamente, as pessoas se reuniam ao redor de uma mesa de jantar com um rádio como única diversão. Poucas pessoas tinham televisores”, ressalta o diretor da Rádio Educadora de Piracicaba, Jairinho Mattos.
De acordo com o colecionador, a maioria dos aparelhos foi adquirida por meio do site Mercado Livre, em antiquários ou com amigos que consertam rádios. Decidimos fazer essa exposição porque está intrinsecamente ligada aos 50 anos da rádio, com os receptores que eram usados naquela época. Esses rádios que estão aqui, já na sede nova da Educadora, mostram exatamente como se captava as ondas da rádio, que no último dia 1º de agosto completou 50 anos. As pessoas estão gostando muito, porque não é sempre que podem ver rádios antigos, lembrando da programação da época, das cantoras do rádio, que era um veículo muito importante nas décadas de 30 e 40, tanto mais do que é a televisão hoje”, observa o diretor da Rádio Educadora.
A exposição fica até o próximo dia 30, na nova sede da Educadora, à rua São José, 435
Com 1.000 Watts de potência, operando em 1.360 Kilohertz (khz), com transmissores – estão até hoje no mesmo local – no bairro do Algodoal, no dia 1º de agosto de 1967, no bicentenário de Piracicaba, entrava no ar pela primeira vez a Rádio Educadora. Com programação musical classe A, com discos vindos do Rio de Janeiro, de grandes orquestras, locução sóbria e respeitosa, segundo a descrição de Jairinho Mattos, a Educadora trouxe à Noiva da Colina uma programação qualificada e conquistou seu reconhecimento em Piracicaba. “Hoje, é claro que o rádio está muito mudado. Temos uma programação pouco diferenciada, onde a música não é mais o grande mote da rádio e sim, a prestação de serviço e o jornalismo”, enfatiza.
Formado em Administração de Empresas em 1989, Jairinho está no rádio desde a década de 90. “Meu avô Nelson foi a primeira geração, minha mãe Ana Maria foi a segunda, eu sou a terceira e os meus sobrinhos, filhos da minha irmã Ana Cristina, já estão na quarta geração da Educadora nesses 50 anos. A família sempre esteve à frente do rádio, muito ligada a Piracicaba”, destaca. “Em 1994, já tínhamos a Educadora FM, a irmã mais nova da Educadora AM. Somos a primeira afilhada da Jovem Pan FM no Brasil, que hoje é uma rede de rádio extremamente respeitada”, completa.
Exposição “O rádio e seus eternos receptores: comemoração aos 50 anos da Rádio Educadora
MUDANÇAS – Em 2018, destaca Jairinho, tanto os profissionais colaboradores, quanto os parceiros, visitantes – os ouvintes -, os patrocinadores serão recebidos bem melhor no novo prédio, situado na rua São José, 435. Com mais de 90% da infraestrutura prontos, o novo prédio já tem estúdio sendo usado para colocar no ar programas, como por exemplo, Os Comentaristas da Educadora. Mas as instalações do antigo prédio, que fica na rua Boa Morte, ainda estão em funcionamento. “A operação dentro desse novo prédio será muito mais completa. Hoje, na rua Boa Morte, a gente tem um prédio com escadas, que não está estruturado. Aqui (rua São José) nós temos uma acessibilidade muito maior, o cadeirante tem acesso através de um elevador, temos uma área gourmet para poder fazer nossas festividades, departamentos mais organizado”, detalha o diretor.
Além da mudança de espaço físico em 2018, aponta Jairinho, haverá a migração da Educadora AM para Educadora FM. Segundo o diretor, ainda não se sabe qual será a frequência designada pelo governo federal, porém é garantido que a qualidade de som será melhor, com novas possibilidades artísticas, o que irá refletir no faturamento da rádio. “Atualmente, a grande diferença entre AM e FM está no fato do AM não ser transmitido em celular, exceto com rede rápida de Wi-fi, além da melhoria da qualidade de som em todos os receptores. A frequência 1060 (AM) vai deixar de existir e serão comprados novos equipamentos transmissores e processadores e nova antena”, explica.
Com o fim do AM em 2018, haverá uma nova rádio na frequência FM. “Posso adiantar que teremos algumas pequenas surpresas que serão pontuais. Não acho justo que os locutores que estão há 30, 40, 50 anos, estou dizendo em todo o Brasil, trabalhando em uma onda média, no momento que vamos melhorar a qualidade técnica, que a gente abra mão desses locutores. O que nós vamos poder fazer é lapidar, produzir de uma forma diferente esses programas, criar alguns novos, justamente blindando essa qualidade de som, porque vai melhorar a voz e vai melhorar a música”, analisa.
Laiane Gastaldello, da equipe do programa Os Comentaristas da Educadora, Jairinho Mattos e eu, Eliana Teixeira
Jairinho afirma que será mantida a mesma estrutura da Educadora e descarta a possibilidade de filiação à alguma rede de rádio. “Tem muito dono de rádio que, no momento que ele migra para o FM, dispensa todo o seu elenco de locutores e coloca uma rádio satélite. Isso não vai acontecer com a Educadora. A gente vai continuar somente afiliada à Transamérica para transmissão dos jogos de futebol de São Paulo. Vamos continuar transmitindo os jogos do XV em estéreo e FM, o Titio Luiz, o jornalismo, Os Comentaristas. Serão apenas pequenas mudanças que não vão alterar a mola mestra da nossa programação, que vai continuar sendo o jornalismo, debates e prestação de serviços”, garante.
HISTÓRIA – Em 1967, por iniciativa do médico Nelson Meirelles, do jornalista Fortunato Losso Netto, empresário e deputado Ernesto Pereira Lopes, advogado Coriolano Ferraz Meirelles, engenheiro Jairo Ribeiro de Mattos, entre outros amantes da cultura e da música, foi idealizada a futura emissora de ondas médias na cidade de Piracicaba. A concessão federal da emissora foi conquistada pelo grupo junto ao Congresso Nacional. Na instalação, a emissora foi denominada Rádio Educadora de Piracicaba, ZYK 533 faixa AM frequência 1.360 Kilociclos, com transmissor Philips de 1.00 Watts e estúdios localizados no Centro de Piracicaba. A Educadora AM 1060 hoje é comandada pela família Meirelles de Mattos, tendo como acionistas majoritários Jairo Ribeiro de Mattos e Anna Maria Meirelles de Mattos – pais de Jairinho - e seus quatro filhos. Em 2000, afiliou-se à Rede Jovem Pan SAT AM. Detêm parcela significativa da audiência em toda região com locutores consagrados, transmissão dos jogos do XV e prestação de serviços. Está na quarta geração à frente da rádio.
FOTOS: Eliana Teixeira