Programa Trabalho Social com Idosos acontece no Sesc Piracicaba desde 1979
Eliana Teixeira - ocanaldalili@gmail.com
Sabe aquela idosa que ficava apenas tricotando na cadeira de balanço, ou aquele idoso que fica sentado com olhar distante, o semblante pensativo? Eles cada vez mais existem menos. Calma, calma! Eu te explico: atualmente, cada vez mais, os idosos estão ativos, fora de suas casas, praticando atividades físicas e culturais, interagindo com outras pessoas de sua geração ou com os mais jovens. E para promover a sociabilidade desse público tão especial – pessoas que trabalharam por décadas, dedicando-se a diferentes funções, sejam no mercado profissional ou no universo doméstico, que é o caso de muitas mulheres da faixa etária dos 60 a mais de 80 anos -, desde 1963, o Sesc SP desenvolve o Trabalho Social com Idosos, programa implantado no Sesc Piracicaba em 1979.
O programa, que é voltado a pessoas acima de 60 anos, oferece atividades artísticas, físicas e sociais, com o intuito de refletir sobre o envelhecimento, desenvolver novas habilidades e estimular a integração com as demais gerações. As atividades são divididas em Arte e Expressão, Corpo e movimento e Sociedade e Cidadania. Nessa terça-feira, 25, O Canal da Lili esteve no Sesc Piracicaba para conferir o Trabalho Social com Idosos. Som, movimento e alegria marcam o ambiente ocupado pelo pessoal da terceira idade. E as mulheres são a maioria dos frequentadores, num demonstrativo de que a expectativa de vida de fato é maior no universo feminino. Segundo pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no final de 2016, a expectativa de vida é maior para as mulheres, sendo 79,1 anos, enquanto os homens vivem em média 71,9 anos.
Alegre, espontânea, vaidosa e jovial, Laurici Floriano, 69, é uma das inúmeras mulheres a participar do programa do Sesc Piracicaba. Técnica de enfermagem aposentada há seis anos, ela faz caminhadas duas vezes na semana, intercalando semanalmente aulas de canto, artesanato, dança. Às terças e quintas-feiras, ela participa do Trabalho Social do Sesc. Animada, Laurici não se importa de atravessar a cidade – ela mora no bairro Eldorado – através de transporte coletivo. O marido dela, quatro anos mais novo, prefere ficar em casa. Mãe de duas filhas, Laurici tem quatro netos e três bisnetas. “Sempre fui alegre, isso ajuda a ter saúde, jovialidade. Tomo remédio para hipertensão, mas sempre estou dispostas a fazer atividades”, relata com um sorriso contagiante.
Laurici, à direita do grupo, é uma das inúmeras mulheres a participar do programa do Sesc Piracicaba
Um dos poucos homens a participar do programa, João Carlos Marcolino, 72, foi incentivado a fazer parte do grupo pela esposa dele, Sydnei Militão Marcolino, 67, que percebeu o isolamento social do marido. Trabalhador do comércio aposentado desde os 51 anos de idade, Marcolino começou a trabalhar aos 7 anos na roça e durante 15 anos de sua vida profissional fabricou instrumentos de corda, o que despertou o interesse dele por aprender a tocar violão, cavaquinho. “Hoje, eu canto, toco pandeiro e triângulo no grupo do Sesc ou nas visitas que faço ao Lar dos Velhinhos. Fiz amizades, viajo com o Sesc para vários lugares. Antes disso, estava entrando em depressão. É importante fazer parte de um grupo, manter a liberdade”, conta o aposentado que não abre mão de viver na própria casa com a esposa. “Não queremos morar com os filhos. Temos uma filha que voltou a morar conosco”, completa.
Marcolino, à direita, se integrou ao grupo do Sesc, fez amizades e saiu do isolamento social
Para Inez Machado de Lima, 71, presidente do Conselho Municipal do Idoso de Piracicaba, as atividades são um caminho para que as pessoas da terceira idade saiam do ostracismo. Trajando camiseta, calça legging, tênis, Inez ressalta que tal vestimenta já foi considerada “indecente” para um idoso em décadas anteriores. Ela também frenquenta o Sesc Piracicaba e quando não está participando das atividades, senta-se em uma das mesas do restaurante para ler revistas e jornais. Na avaliação da presidente do Conselho, Piracicaba é uma cidade que proporciona qualidade de vida aos idosos. “Além do Sesc, temos atividades No Centro Cultural da Estação da Paulista, no Sesi, com vivências, ginásticas, além dos bailes e bingos que acontecem em grupos de terceira idade”, detalha.
Técnica de enfermagem aposentada, Inez sempre foi atuante e ativa. Ela acorda cedo todos os dias, lê jornais, acessa Facebook, WhatsApp, e-mail, cuida meio período da neta de 7 anos, faz atividades, participa das reuniões do Conselho Municipal do Idoso. Mãe de três filhas e avó de um casal, Inez faz questão de continuar a morar sozinha. “Tomo remédios para hipertensão e circulação, faço ginástica, tenho disposição, estou bem. Quero manter minha independência, minha liberdade”, afirma.
Leitura é um dos hábitos diários de Inez de Lima, presidente do Conselho Municipal do Idoso de Piracicaba
SESC PIRACICABA – De acordo com Adriano Antonio da Costa, técnico de Programação do Sesc Piracicaba, responsável pelo Trabalho Social com Idosos, os participantes podem levar acompanhantes de diferentes faixas etárias. Diariamente, diz Costa, participam do programa, em diferentes atividades, cerca de 180 a 200 pessoas, a maioria delas mulheres. “Muitas dessas mulheres ficaram em casa e agora, na terceira idade, elas querem sair, se renovar, obter informações. Queremos que os homens também participem mais. Movimentar-se, relacionar com outras pessoas, contribui com a melhora da saúde mental, física, traz benefícios”, enfatiza, lembrando que mais informações podem ser obtidas pelo telefone: 3437-9292 ou no site (sescsp.org.br/piracicaba).
*Fotos: Eliana Teixeira